O Atacama Fashion Week também critica de forma artística o Fast Fashion e a gigante indústria da moda, alertando a população sobre a produção e o consumo desenfreado
Existe nos arredores do Deserto do Atacama (Chile) uma montanha formada por 60 mil toneladas de peças de roupas, que são descartadas ali diariamente e de forma ilegal pela industria da moda. Sapatos, camisetas, casacos, vestidos, roupas de banho e todo o tipo de vestimenta que você pode imaginar formam essa gigante montanha que preocupa os moradores da cidade de Iquique - localizada a 1.800 km da capital Santiago.
Todas as peças de roupas inexplicavelmente abandonadas ali, em pleno deserto, vem dos Estados Unidos, Europa e Ásia, elas são enviadas ao Chile com o intuito de serem revendidas. Dessas peças que são enviadas para o país todos os anos, cerca de 40 mil toneladas não são vendidas e acaba parando no lixo.
Com o objetivo de conscientizar e levar ao povo a real dimensão deste problema, a ONG Desierto Vestido, em parceria com a Fashion Revolution e Instituto Febre promovem todo ano o Atacama Fashion Week.
O Atacama Fashion Week usa o lixão como passarela, com os modelos vestindo looks feitos por produtores a partir das roupas que são despejadas no local. Segundo a ONG, a ideia do projeto não é pressionar um setor específico, mas sim clamar por forças a partir de um envolvimento público e privado, por meio de um manifesto artístico.
Afinal, o que é o Fast Fashion?
O conceito de Fast Fashion se deu início em 1970 com as grandes marcas da indústria da moda, porém o termo só foi popularizado em meados de 1990. Essa foi a maneira que a mídia criou para expressar a alteração cada vez mais veloz do modelo de negócios da moda por grandes empresas da indústria têxtil.
As grandes empresas que trabalham com o modelo de Fast Fashion buscam entender as tendências e o que está sendo consumido nas marcas renomadas e logo produzem em larga escala modelos parecidos, porém com custo baixo e qualidade inferior.
Na distribuição das peças é feita uma separação sobre quais vão para cada país, para dar a sensação de exclusividade em lojas diferentes, esta separação da mercadoria evita que sobrem peças. Caso sobrem, são feitas liquidações que escoam a produção.
Porque a prática do Fast Fashion é insustentável?
Podemos perceber essa prática através das indústrias têxtil, que acabam por sua vez poluindo o meio ambiente sendo responsável por emitir 10% de gases do efeito estufa, emitindo anualmente um entorno de 1,7 milhão de tonelada do gás CO2.Também são descartadas cerca de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis, isso apenas no ano de 2022, além disso para produzir fibras têxteis é preciso desmatar, utilizar fertilizantes, agrotóxicos, extrair petróleo e transportar, entre outras formas de poluição.
Podemos observar também impactos socias dessa pratica, como a exploração infantil onde em alguns lugares do mundo crianças são empregadas e impedidas de acesso à educação. Além de claro as péssimas condições de trabalho visto que a pratica depende de mão de obra barata e consequentemente isso gera salários baixos, longas horas de trabalho e ambientes muitas vezes insalubres.
Que soluções podemos adotar para combater essa prática?
Tem surgido consumidores cada vez mais conscientes, que estão optando por comprar de marcas mais sustentáveis em sua produção, vemos também os brechós sendo uma ótima opção para quem quer uma moda com maior rotatividade de peças e variedades, já que as peças desses estabelecimentos são garimpadas de diversas épocas e modelos diferentes.
Em resumo, os impactos do Fast Fashion são vastos e complexos, afetando o meio ambiente, a sociedade e a economia de maneiras interconectadas. Para tornar a moda mais sustentável, consumidores, empresas e governos têm um papel crucial nessa transformação, adotando práticas mais conscientes e responsáveis em todas as etapas da cadeia de produção e consumo de moda.
Quer saber como você pode aderir a uma moda mais sustentável?
1 Buscar conhecer de onde vem as roupas que está comprando, dando preferência para empresas de moda ética que se preocupam com as pessoas e seu bem-estar, seja mental ou físico, em toda a cadeia de produção da moda.
2 Aderir ao Slow Fashion também é uma alternativa viável, sendo um movimento que prioriza qualidade ao invés de quantidade e que busca pela produção local ao invés de global.
3 E já conhece o Upcycling? Esse é um termo que consiste em reutilizar e reaproveitar materiais têxteis, e está se tornando moda entre celebridades, que elevam a prática à uma tendência de moda.
Engajados pelo pensamento de mudar o mundo com ideias mais sustentáveis, confira a seguir, um videocast sobre como podemos ajudar o planeta Terra através de atitudes que podem salvar o meio ambiente:
https://youtu.be/4YyYVp_Z3PU?si=BsjVekpRJJcRwpDX