Funk: sua transformação ao longo das décadas




O funk nacional, como conhecemos hoje, teve seu início no final da década de 1980, mais precisamente na Zona Sul do Rio de Janeiro. Embora o estilo musical "funk" tenha surgido nos Estados Unidos na década de 1970, no Brasil, ele passou por um processo de adaptação e ganhou características próprias, tornando-se um ritmo único e marcante.


No início, o funk carioca era inspirado pelo miami bass e pelo hip hop norte-americano, com batidas mais lentas e letras que retratavam a realidade das comunidades, o amor e a sensualidade. Foi nessa época que surgiram nomes importantes como DJ Marlboro, MC Carol e Felly, que comandaram as paradas de sucessos e sucessos como "Rap da Garoa", "O Canto da Cidade" e "Passinho do Shakin'" eram sempre tocadas. Os bailes funks realizados em locais improvisados ​​eram verdadeiras festas de integração e resistência, onde a comunidade se reunia para celebrar a vida e a cultura.

No batuque dos anos 90: a semente da explosão



Os anos 90 foram a década que viu o funk carioca brotar das comunidades e fincar raízes na cultura popular. O responsável por tal mudança no gênero, e pela caracterização que conhecemos tão bem atualmente, foi Fernando Luís Mattos da Matta, vulgo DJ Marlboro. Ele edita a bateria eletrônica no gênero musical, algo que caracteriza o nosso funk e é usado até hoje.


Em 1989, ele lança seu primeiro álbum, intitulado Funk Brasil. Esse é o primeiro álbum de funk brasileiro, ou seja, 100% nacional, com letras e melodia feitas em solo tupiniquim. As letras do DJ Marlboro falam sobre a realidade das favelas cariocas. A partir de então, esse era um gênero feito na periferia para a periferia, retratando sua realidade e desejos. Além disso, foi nesse momento que o funk realmente se tornou popular em todo o país, se destacando em diversos estados. São Paulo, por exemplo, se tornou o segundo berço desse estilo musical.


Nessa fase inicial, nomes como DJ Marlboro, MC Carol e Felly comandavam as paradas, e sucessos como "Só Love" (1998) - Claudinho e Buchecha, “Rap da Felicidade" (1990) - Cidinho & Doca, eram os mais ouvidos nos anos 90.

O estouro dos anos 2000: funk conquista o mainstream





A virada do milênio foi marcada pela explosão do funk carioca no cenário nacional. O gênero ganhou notoriedade em todo o país, conquistando um público cada vez mais amplo e diversificado. As batidas ficaram mais aceleradas, as letras mais ousadas e os artistas investiram em coreografias elaboradas e figuras chamativas.


E todo esse alvoroço foi causado pela produtora Furacão 2000, responsável pelos maiores sucessos da época e pela propagação do funk no Brasil. Para se ter noção, eles lançaram nomes como “Gaiola das Popozudas” – grupo responsável por popularizar Valesca Popozuda – e “Os Havaianos”. Além disso, em 2001, o “Bonde do Tigrão” surgiu como um verdadeiro divisor de águas e, até hoje, está presente na maioria das festas.


É preciso apontar que foi nos anos 2000 que também surgiram os MCs. A ideia dos mestres de cerimônia já era algo antigo, porém, sua ligação com o funk surgiu nesse período. Então, diversos artistas se lançaram naquele período como MC e cantavam funks que falavam sobre suas vidas nas comunidades. 


Foi nos anos 2000 que as mulheres adentraram o funk e nomes como MC Tati Quebra Barraco ganharam a mídia. Graças a essas personalidades, muitas mulheres se sentiram livres para ingressar no funk e hoje temos nomes como Ludmilla, Anitta, MC Tati Zaqui, Lexa, Pocah, entre tantas outras.


Anos 2010: os novos funks

O funk, durante o período de 2010 a 2019, passou por uma longa transformação e evolução como gênero musical, popularizando-se em todo o Brasil. As mudanças abrangeram desde a produção até o estilo.


2010 - 2013: Funk Ostentação



No início da década, o funk ostentação entra em cena como um subgênero que se destaca. Com letras que falam sobre consumo de bens caros, como joias, festas e carros de luxo, o subgênero teve como principais precursores MC Guimê, MC Lon e MC Daleste. As produções caras e as melodias contagiantes ajudaram a popularizá-lo.

2013 - 2015: A Expansão Nacional e Internacional


Durante esse período, o funk atravessou a barreira das favelas e periferias e alcançou um público amplo, com hits estourados, como "Baile de Favela" do MC João e "Tá Tranquilo Tá Favorável" do MC Bin Laden. Essas músicas alcançaram uma grande quantidade de visualizações nas redes sociais, fazendo com que vários artistas de outros gêneros musicais colaborassem em projetos juntos.


2016 - 2017: O Funk Pop e o Domínio das Paradas


A partir de 2016, o funk começou a se misturar mais com outros estilos populares, como pop e reggaeton. Anitta desempenhou um papel importante nesse processo, com sucessos como “Bang” e “Vai Malandra”, que introduziram o funk para um público mainstream. Outros artistas, como Kevinho e Ludmilla, também ajudaram a manter o funk como uma presença constante nas paradas musicais.

2018 - 2019: O Surgimento do Funk 150 BPM e o Renascimento do Funk Raiz


Nos últimos anos da década, com a popularidade do "funk 150 BPM", houve uma tendência de retorno às raízes do funk carioca. Esse estilo é caracterizado por andamentos mais rápidos e batidas mais intensas, trazendo de volta a energia do dance funk dos anos 90. DJ Polyvox e DJ Rennan da Penha são nomes de destaque nesse movimento. Além disso, o funk continua evoluindo, incorporando elementos eletrônicos e parcerias internacionais, como o trabalho de Anitta com artistas de todo o mundo.

Funk e TikTok: a fusão perfeita dos anos 2020


Durante e após 2020, o TikTok se tornou o principal centro de consumo de conteúdo curto. Não apenas facilitando a criação de conteúdos, que agora são mais rápidos, mas também atingem um público internacional em escopos imensos.


E como a música é o tipo de conteúdo mais consumido no aplicativo, o funk brasileiro se tornou um dos gêneros mais populares dele, criando ou popularizando subgêneros como:

Megafunk


Surgido na região sul, mais específico em Santa Catarina, o Mega Funk combina funk e eletrônico, e se destaca dos demais gêneros pela forma única de suas mixagens. As batidas se tornam bem acentuadas a partir do refrão, incorporando diversos samples (ritmos de outras músicas) em uma única faixa.

Fonk Brasileiro


A vertente, cujo nome soa como uma simples tradução para o inglês de “funk brasileiro”, é na verdade um estilo do funk, que incorpora características de diversos subgêneros do ritmo, como o mandelão, a bruxaria e o automotivo, além de elementos de techno é uma forte inspiração no Memphis Rap, um subgênero do hip hop norte-americano.


Rave Funk


Um subgênero que combina elementos do funk carioca com características tradicionais da música eletrônica de rave, com o destaque na mistura das batidas pesadas com os sintetizadores, efeitos e ritmos acelerados típicos das raves.


O futuro do funk


Apesar do funk brasileiro receber diversas críticas, muitas vezes racistas e/ou classistas, o gênero continua crescendo a cada dia, não só no seu alcance, mas também na sua diversidade sonora. E com esse crescimento, ele vai se consolidar como um dos principais gêneros musicais das próximas gerações.



Autores: Gustavo Mendes, Samira Durães, Yasmin Francisco.

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